Quando pensamos na palavra Nutrologia, já relacionamos a alimentação/ nutrição. A nutrologia é a área da medicina que tem mais afinidade com a questão alimentar, com as vitaminas, minerais e nutrientes que consumimos ao longo das nossas 24h, e a saúde e doenças geradas por o que ingerimos.
Porém em um mundo onde recebe-se informações a todo vapor, em que acreditar? Qual é realmente o melhor estilo alimentar a se seguir? Low Carb? Low Fat? Sem lactose? Sem glúten? Vegano? Vegetariano? Paleo? Comer carne ou não comer? Ovo faz mal? O que engorda? O que emagrece? São muitas dúvidas, e perante a tantas polêmicas!
O que de fato podemos aplicar nas nossas vidas?
Para começar, nós temos contato com alimentos todos os dias, é algo completamente impossível viver sem comer. Com a revolução industrial e com o surgimento de alimentos industrializados e criação de novos alimentos, aumentou a incidência de diversas doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão e câncer, por exemplo.
Os alimentos ultraprocessados, que são consumidos em muitos lugares do mundo tem pontos em comum. A hiperpalatibilidade (são alimentos extremamente gostosos), ricos em sal, açúcar, gorduras saturadas, corantes, gorduras trans e pobres em fibras, proteínas e vitaminas. Esses alimentos ainda, tem uma baixa capacidade de trazer saciedade e alto índice glicêmico, ou seja, faz com que a glicose seja rapidamente absorvida, levando a um rápido ganho de peso e resistência a insulina. Além disso esses alimentos ultraprocessados, podem fazer com que as pessoas comam sem atenção, e tem um grande impacto na flora intestinal causando diversas doenças, até mesmo ansiedade e depressão.
Em um dos estudos mais importantes do mundo (abaixo), houve relação forte com o aumento do risco de morte por doenças cardiovasculares com o maior consumo de ultraprocessados.
Sabendo disso como saber se o que você está comendo é um alimento ultraprocessado ou comida de verdade? (Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_ver sao_resumida.pdf). Segundo o Guia Alimentar do Ministério da Saúde:
Alimentos in natura e minimamente processados devem ser a base da alimentação.
Alimentos in natura: São obtidos diretamente de plantas ou animais, e não sofrem qualquer modificação após deixarem a natureza.
Alimentos minimamente processados: São alimentos in natura que passam por processos importantes, como remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fermentação, pasteurização ou congelamento, para chegarem com qualidade ao consumidor. As alterações são mínimas. Esses alimentos não recebem sal, açúcar, óleos, gorduras, nem outros ingredientes.
Exemplos:
- Hortaliças (legumes e verduras) e frutas in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados;
- Arroz, milho (em grão ou na espiga) e outros cereais em grãos;
- Feijões (preto, carioca, fradinho, vermelho, guandu, branco, etc.);
- Cogumelos frescos ou secos;
- Frutas secas (ameixa, damasco, figo, etc.);
- Suco de fruta (natural ou pasteurizado e sem adição de açúcar ou outras substâncias);
- Castanhas (castanha-de-caju, castanha de baru, castanha-do-brasil), noz, amêndoa, amendoim, macadâmia, avelã (sem sal ou açúcar);
- Especiarias em geral e ervas frescas ou secas;
- Farinhas de mandioca, de milho ou de trigo e macarrão ou massas frescas ou secas feitas com essas farinhas e água;
- Carnes magras frescas;
- Leite pasteurizado, UHT ou em pó;
- Iogurte (sem adição de açúcar);
- Chá, café, água potável;
- Ovo.
Alimentos ultraprocessados: São formulações industriais à base de ingredientes extraídos ou derivados de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido modificado) ou, ainda, sintetizados em laboratório (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor, etc.). Os rótulos podem conter listas enormes de ingredientes. E a maioria deles tem a função de estender a duração do alimento, ou, ainda, de cor, sabor, aroma e textura para torná-lo atraente. Quando presentes, ingredientes in natura ou minimamente processados aparecem em proporção reduzida.
Exemplos:
- Guloseimas em geral (bolachas, chocolates, pirulitos, sorvetes etc.);
- Cereais matinais açucarados;
- Bolos e misturas para bolo;
- Margarina;
- Barras de cereal;
- Sopas, macarrão e temperos “instantâneos”;
- Molhos prontos;
- Salgadinhos “de pacote”;
- Refrescos e refrigerantes;
- Iogurtes e bebidas lácteas adoçados e aromatizados;
- Bebidas energéticas;
- Produtos congelados e prontos para aquecimento (lasanha, pizza, nuggets etc.);
- Pães, bolachas e biscoitos feitos com gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.
Se ainda está em dúvida, um bom exemplo de dieta saudável é a Dieta Mediterrânea, que é uma dieta baseada em alimentos naturais, grãos e cereais integrais, azeite de oliva e pouco consumo de carne vermelha. Lembrando que dieta não é só o que consumimos, mas que assistimos, lemos, a forma que nos alimentamos, nos relacionamos, saúde mental e espiritualidade.
Uma dica prática para você, é ficar de olho nas embalagens, quanto mais aditivos tiver nos ingredientes, menos saudável é o alimento. Existe um aplicativo chamado DESROTULANDO, que você pode escanear os alimentos no mercado e ele vai dar uma nota de 0 a 100 classificando estes alimentos para você.
Sempre lembre, comida de verdade dificilmente tem ingredientes, ela É o ingrediente. Se é Low Carb, sem lactose, sem gordura ou outras especificações, isso vai depender das suas intolerâncias e individualidade. Mas uma verdade é inegável, quanto mais natural melhor, quando menos processado melhor! E lembre-se que nutrição vai muito além da sua alimentação.
Um grande abraço aos que ainda viverão muito e com qualidade de vida.
Com carinho,
Dra Kelly Moraes Cangussú
Nutrologia e Clinica Geral
CRM SP 224.503