Há muito tempo deixei de me importar com a casa desarrumada. Não que eu goste dela assim ou que não me esforce para que isso não aconteça, mas se algum momento isso acontece, não é mais para mim o “fim do mundo“. Descobri a beleza que existe por traz de uma casa em desordem, de roupas espalhadas, de papéis fora do lugar e de, principalmente, colchões espalhados pela sala. E esta descoberta aconteceu quando nossos filhos se foram para buscarem os seus sonhos fora do aconchego do lar. Pensei que apesar da falta que me fariam, agora a casa ficaria arrumada. Não precisaria de secretária todos os dias e não me preocuparia se alguma visita aparecesse de repente. Porém, logo descobri que há vida na casa bagunçada! Ela significa que eles estão aqui, que não estamos sozinhos e que a qualquer momento podemos ouvi-los dizer: Mãe, você está ai? Mãe, faz alguma coisa pra eu comer! Vem deitar aqui com agente!
E os colchões espalhados na sala? Eles só iam para lá em ocasiões especiais. O filho queria a companhia do pai para assistir um jogo importante, assistir um filme emocionante e chorar sozinha, nem pensar! Conversar até tarde para atender a urgência de um coração partido. Por isso, quando alguém chega e a casa está bagunçada, não acho mais apropriado dizer: Não repare, a casa está uma bagunça! Acho que seria mais verdadeiro dizer: Entre e veja as marcas de uma casa cheia de amor e vida!
Marcia M. Cangussú